ECCE HOMO

 

 

 

História

De acordo com a Ata de Fundação, foi no dia 2 de maio de 1877 que foi criada a Confraria do Señor Ecce-Homo, tendo como fundadores D. Eduardo Esteban y Torres, VI Marquês de Matallana, e o industrial cortiça-rolheiro e também poeta de Jerez de los Caballeros, o D. Luis de Sotomayor y Terrazas, como irmãos mais velhos, sendo também componentes da Junta do Governo fundador 4 mordomos e 12 conselheiros e como Tesoureiro D. Antonio Soto, Presbítero. O seu dia de adoração e procissão era no Domingo de Ramos à tarde. Toda a organização deverá ser feita na casa do Marquês de Matallana, principal mecenas da confraria, pois não há dados documentais sobre isso. E os saiões e os andores seriam esculpidos nas oficinas de carpintaria do Marquês. O Cristo do Sr. Ecce Homo é de um período muito anterior, pois segundo Matías Ramón Martínez, no séc. XVI a ermida do Sr. Ecce Homo já existia na nossa cidade, não se conhece a sua origem, nem os dados da sua fatura. Supõe-se, segundo alguns especialistas, que seja da escola de Granada de Mena. A este Cristo, as pessoas próximas à Confraria chamam-lhe El Chiquinino por causa do tamanho da talha, que esteve em procissão até 1995.

Após vários anos de gestão, foi encarregado da realização de um mistério completo e novo, com imaginário acorde com os tempos atuais e figuras em madeira de cedro, com tamanhos de talha humana, ao já desaparecido escultor e artista de Sevilha, Manuel Hernández León.

Em 1973 surgiu a iniciativa de formar uma banda própria para acompanhar a procissão. Emprestando instrumentos pertencentes a outra das bandas locais, a dos O.J.E., nasceu uma banda improvisada à imagem dos nazarenos, adquirindo túnicas de procissão da mesma gama cromática.

Os Nazarenos vestem vasquinha branca, capa, capucho e bibe vermelho da Confraria. A vasquinha branca é recolhida por um cinto do mesmo tecido; este e os botões são vermelhos. Do bibe pendura um escudo da Confraria correspondente à imagem de Lord Ecce Homo, bordado.

Titulares:

Señor Ecce Homo (Senhor Ecce Homo)

As imagens do mistério do Sr. Ecce Homo são compostas por: Jesus diante de Pilatos na sua apresentação ao povo judeu, um legionário romano guardando-o com a insígnia de Roma e um escravo etíope com o chicote da tortura. Saiu de procissão pela primeira vez com o mistério completo, no dia 12 de abril de 1995, Quarta-feira Santa, sendo esta Confraria a primeira na nossa cidade que se atreveu com a remodelação e preparação de um mistério completo e totalmente novo, pois todos aqueles que saíam à procissão na nossa cidade naquela data, eram as imagens da sua fundação, exceto imagens de virgens. Estas imagens vão sobre uns andores com prata de lei, obra do famoso imaginário sevilhano Jesús Domínguez Vázquez. A couraça do legionário romano, o piveteiro e os quatros castiçais foram feitos para a ocasião nas famosas oficinas de ourivesaria sevilhana de Manuel de Los Ríos. A imagem é em tamanho real e com sudário. Representa a passagem evangélica de São João (João 19, 4-5). O redentor de pé, coroado de espinhos, ensanguentado e amarrado, vestido com uma túnica púrpura aberta até à cintura, no momento em que o governador romano Pôncio Pilatos o apresenta ao povo da Judeia. Na talha pode-se apreciar perfeitamente os escárnios do tormento sofrido, podendo vê-lo no meio do seu corpo nu; bem como a incrustação dos espinhos da coroa na sua cabeça e as gotas de sangue que escorrem pela sua testa e pescoço. Também pode ver os olhos quase vidrados, dando a impressão de aquosidade neles. Contemplar a sua imagem de perto é algo espantoso e de uma imensa tristeza, pela realidade e crueza do martírio que a escultura reflete.

Virgen de los Desamparados (Virgem dos Desamparados):

A Virgem é uma dolorosa de castiçal para vestir. É feita em madeira de cedro, de autor desconhecido e datado da segunda metade do séc. XVII, com a cabeça inclinada para a direita, direcionando o olhar para baixo, com olhos desconsolados, mas com resignação, e as mãos entrelaçadas. Sabe-se de acordo com documentos, que em 1807 a Fábrica da Igreja de San Miguel Arcángel, pagou a Narciso Borrachero a quantia de 300 reais pela compostura da Virgen de los Desamparados.

Embora esteja sob a advocação dos Desamparados, é popularmente conhecida na nossa cidade como «Virgen de los Dolores».

Atos e comemorações

Havia o costume em cada confraria de atender e ajudar os pobres e presos anualmente, coincidindo com o tempo de penitência. A Confraria em questão reinventou esta tradição numa celebração única na Quinta-feira Santa, onde todos os que vierem à feira poderão saborear um prato de cozido extremenho (os grãos do Ecce-Homo) com bebida e frutas.

Casa da irmandade

A Casa da Irmandade está localizada na rua Pilar Lasarte nº. 3 de Jerez de los Caballeros, a poucos metros do centro nevrálgico da nossa cidade e da Igreja de San Miguel Arcángel, onde se encontram as imagens titulares da confraria, onde recebem adoração e de onde saem na Quarta-feira Santa para fazer a sua procissão.

O local está localizado no que antigamente era a horta do Hospital dos doentes pobres, num terreno de aproximadamente 350 m2.  Tendo sua entrada por um pátio em formas arquitetónicas em harmonia com os lugares nos quais se encontra, acede-se a partir dele através da porta de entrada que é semelhante em tamanho e forma à Puerta del Perdón, através da qual os passos da igreja de San Miguel. A entrada a modo de saguão, foi concebida como um espaço de receção para o visitante, recebendo luz natural através de duas janelas de vidro chumbadas, uma das quais tem representado o brasão da confraria. A partir daqui acede-se à Sala do Museu da Confraria, na qual os Passos estão permanentemente expostos à medida que saem em procissão, sem as imagens titulares, que, como já dissemos, estão na igreja para receber o culto. Também através de uma escada de mármore branco português e varanda de ferro forjado acede-se ao primeiro andar, lugar onde se encontra a Sala das Juntas e da Secretaria.